No final de abril, ocorreu um acontecimento que talvez tenha passado despercebido para grande parte da opinião pública, mas que representa um passo importante na consolidação da Comunidade Ibero-Americana. A Secretária de Estado de Cooperação da Espanha, Eva Granados, apresentou, em nome de todos os países ibero-americanos, uma posição conjunta durante a quarta reunião preparatória da 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento das Nações Unidas. Ela o fez na qualidade de representante da Secretaria Pro Tempore da próxima Cúpula Ibero-Americana.
Em sua intervenção, defendeu a necessidade de que o sistema de cooperação internacional para o desenvolvimento leve em conta uma métrica multidimensional que defina “critérios de medição do desenvolvimento, a alocação da cooperação internacional para o desenvolvimento e a geração de instrumentos adequados para acompanhar os países, que assim o desejarem, em sua transição rumo ao desenvolvimento sustentável”. Foi a primeira vez que os membros da Ibero-América uniram suas vozes para apresentar uma visão compartilhada nesse fórum internacional.
Daquele momento, duas conclusões podem ser extraídas: por um lado, a determinação e o desejo dos países ibero-americanos de continuarem construindo juntos e buscando espaços para se projetarem no cenário mundial; por outro, a enorme importância do debate sobre o financiamento das transições verde, digital e social, que tem na Conferência de Sevilha o seu epicentro.
A Comunidade Ibero-Americana tem, de fato, muito a contribuir para esse debate. Nossos membros se encontram em diferentes fases de desenvolvimento e, portanto, em distintas posições no que diz respeito ao acesso ao financiamento. Todos, no entanto, compartilham os desafios de um mundo em transformação.
E mais. A Cooperação Ibero-Americana alinhou sua estratégia, já há alguns anos, ao apoio e à consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O atraso que hoje enfrentamos está fortemente ligado, entre outros fatores, a questões de financiamento. Além disso, a Secretaria-Geral Ibero-Americana é um ator principal em alguns dos temas que serão debatidos em Sevilha, como o papel da Cooperação Sul-Sul e Triangular ou as diferentes propostas da medição do desenvolvimento, entre muitas outras.
Em um contexto conturbado, marcado pela fragmentação, é preciso celebrar que líderes de todo o mundo se reúnam para debater e acordar como financiar a cooperação y o desenvolvimento colocando sempre as pessoas no centro. E a Comunidade Ibero-Americana quer fazer parte ativa desse exercício. Esta edição do Pensamento Ibero-Americano é uma contribuição para essa reflexão global.