Desde sua perspectiva, qual é o principal desafio para o financiamento ao desenvolvimento na atualidade?
BID: Os principais desafios que a financiamento ao desenvolvimento enfrenta são múltiplos. Por um lado, desde a pandemia de Covid-19, países de todos os níveis de desenvolvimento viram sua capacidade fiscal consideravelmente reduzida, limitando assim a margem de manobra para investimentos e o financiamento de políticas de desenvolvimento. Paralelamente, as atuais tensões geopolíticas e a fragmentação do comércio internacional estão prejudicando de forma desproporcional os países de renda média e baixa. Por fim, esses dois fatores, combinados com a recente pressão inflacionária e a alta das taxas de juros, contribuíram para que o capital privado destinado a investimentos produtivos se afastasse dos países em desenvolvimento e emergentes.
Esse contexto ocorre em um momento de crescentes demandas sociais, acompanhado da urgência de enfrentar desafios globais, como a luta contra as mudanças climáticas e a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) contidos na Agenda 2030.
Por essas razões, a comunidade internacional do desenvolvimento, juntamente com todos os atores das finanças internacionais, está trabalhando em conjunto para fortalecer a colaboração e aprimorar a forma como operamos como sistema, a fim de gerar maior impacto e escala. Alguns dos pontos de ação mais necessários incluem, entre outros:
- Continuar a reforma da Arquitetura Financeira Internacional promovida pelo G20, a fim de mobilizar adequadamente o financiamento de longo prazo necessário para enfrentar múltiplos desafios. Soluções e reformas financeiras inovadoras são essenciais para lidar com problemas novos e emergentes.
- Fortalecer a capacidade fiscal dos países para mobilizar melhor os recursos internos, aumentar a eficiência dos gastos públicos e alinhá-los aos ODS.
- Reformar os mercados financeiros nacionais. É necessário fortalecer os ambientes empresariais favoráveis e desenvolver os mercados financeiros e de capitais nacionais para garantir um acesso mais equitativo aos recursos financeiros, mobilizando-os para investimentos produtivos e para o financiamento do desenvolvimento sustentável.
- Aumentar o investimento privado de longo prazo nos países de renda média e baixa, facilitando o investimento em projetos e ativos de desenvolvimento por parte de investidores privados institucionais através de instrumentos como o financiamento mista e as garantias.
Com a presidência do grupo de líderes dos bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) em 2024, o BID tem estado na vanguarda desse esforço, junto com outros BMDs, instituições internacionais e países parceiros, especialmente no âmbito do G20 e das reformas impulsionadas pela CAF Review.
CAF: O desafio central é transformar o financiamento do desenvolvimento para torná-lo mais acessível, sustentável e eficiente na mobilização de recursos em larga escala. Alguns desafios específicos têm a ver com a conjuntura global, que impõe condições financeiras mais restritivas, encarecendo o acesso ao financiamento para os países em desenvolvimento, reduzindo a sua capacidade de endividamento e aumentando os riscos de superendividamento.
Um segundo desafio está ligado à situação fiscal de nossos países. Muitos países de baixa e média renda enfrentam altos níveis de dívida, limitando sua capacidade de investir no desenvolvimento sem comprometer sua estabilidade macroeconômica. A falta de mecanismos eficazes de reestruturação da dívida e a ausência de financiamento em condições favoráveis agravam esta situação. Essa cautela fiscal destacou a necessidade de os bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) darem maior ênfase ao setor privado, governos subnacionais e instituições públicas não soberanas.
Nesse contexto, é essencial fortalecer os mercados financeiros mediante o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores, facilitando os fluxos de investimento nacional e estrangeiro, ampliando as opções de financiamento, além dos governos centrais. Para tal, é necessário melhorar a capacidade das empresas públicas e dos governos subnacionais para serem elegíveis para financiamento, promovendo simultaneamente um setor privado dinâmico que inclua tanto as pequenas e médias empresas (PME) como as grandes empresas bem estabelecidas.
Um terceiro desafio está relacionado à magnitude dos recursos necessários. Por um lado, o capital privado ainda não flui com a escala e a velocidade necessárias para setores-chave do desenvolvimento. Por outro lado, há limites para o que a cooperação internacional e os BMDs podem fazer. Os fluxos de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (AOD) não cresceram ao ritmo necessário e estão cada vez mais condicionados pelas prioridades geopolíticas. Além disso, a arquitetura financeira global permanece fragmentada, com pouca coordenação entre bancos multilaterais, instituições bilaterais e atores privados.
Em última análise, a superação desses desafios dependerá da capacidade dos BMDs de atuar como facilitadores, ajudando os países a mobilizar recursos, aprofundar os mercados financeiros e fechar a lacuna entre o capital disponível e as necessidades imperativas de desenvolvimento.
E os desafios específicos para a região ibero-americana?
BID: Embora a região latino-americana e caribenha compartilhe muitos dos desafios globais mencionados acima, ela também enfrenta um triplo desafio:
- As crescentes demandas sociais, em um contexto de recursos fiscais limitados e crescimento lento, têm sido agravadas pela baixa capacidade institucional, pela pobreza, pela desigualdade e pela violência.
- O baixo crescimento da produtividade, o desenvolvimento insuficiente das infraestruturas e as barreiras à participação econômica dificultam o desenvolvimento e o crescimento econômico da região.
- As mudanças climáticas e a degradação ambiental representam ameaças significativas ao desenvolvimento, aumentando a pobreza e a desigualdade, além de causar danos econômicos e às infraestruturas.
Apesar dos desafios, a região tem um grande potencial de desenvolvimento graças aos seus recursos naturais, ao seu protagonismo crescente nos serviços digitais e à sua população jovem, fatores que podem impulsionar o crescimento econômico e a inovação. Além disso, a região não apenas dispõe dos recursos necessários para alcançar seus próprios objetivos de desenvolvimento, mas também desempenha um papel fundamental na solução de alguns dos maiores desafios globais compartilhados.
- Primeiro, no que diz respeito à natureza e à biodiversidade, a região abriga a Floresta Amazônica, que desempenha um papel vital na mitigação das mudanças climáticas em escala global.
- Em segundo lugar, no que se refere à segurança alimentar, a região produz alimentos suficientes para alimentar 1,3 bilhão de pessoas e contribui com aproximadamente 40% das exportações líquidas mundiais de alimentos.
- Por fim, à medida que o mundo avança na transição para energias limpas, a região já obtém aproximadamente 30% de sua energia a partir de fontes renováveis. Além disso, a América Latina e o Caribe possuem dois terços das reservas globais de lítio e 38% do cobre do mundo, elementos cruciais para a transição verde.
A isso se soma o talento existente na região, que pode servir como fonte de inovação e crescimento da produtividade. Com as reformas e os investimentos adequados, a região poderia se posicionar no centro dos esforços para proteger a biodiversidade global, aliviar a insegurança alimentar mundial e fornecer energia limpa ao mundo. Ao mesmo tempo, pode avançar na redução da pobreza e da desigualdade, além de impulsionar um crescimento sustentável.
CAF: Em primeiro lugar, há um espaço fiscal limitado nos países da região. Após a pandemia e em meio a um ambiente macroeconômico desafiador, muitos governos enfrentam restrições orçamentárias que limitam sua capacidade de investir em projetos de desenvolvimento sem comprometer a sustentabilidade fiscal.
Em segundo lugar, as condições financeiras internacionais impõem altos custos de financiamento. O acréscimo das taxas de juros nos mercados desenvolvidos e a volatilidade financeira aumentaram o custo do financiamento externo para a região, afetando tanto os governos quanto o setor privado. Embora o FED tenha iniciado o processo de normalização das taxas, foi mais lento do que o esperado.
Em terceiro lugar, a transição para economias mais sustentáveis e resilientes requer níveis de investimento sem precedentes. A ampliação do financiamento climático e da infraestrutura sustentável, no entanto, é insuficiente. A canalização do financiamento privado, em particular, é limitada devido aos altos riscos percebidos, barreiras regulatórias e falta de instrumentos adequados para a mitigação de risco.
Esta é a mensagem que queremos reforçar nas próximas reuniões nas quais teremos a oportunidade de participar: a quarta Conferência Internacional sobre Financiamento do Desenvolvimento em Sevilha, a Cúpula UE-CELAC em Bogotá e a Cúpula Ibero-Americana 2026 em Madrid.
Que papel devem desempenhar os bancos regionais?
BID: No cenário atual de reforma da arquitetura financeira internacional, tem havido um enfoque renovado na necessidade de os Bancos Públicos de Desenvolvimento (BPD) estarem à altura dos desafios globais. Isso exige uma cooperação mais eficiente e eficaz entre os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD) e os Bancos Nacionais de Desenvolvimento (BND) em mercados emergentes e economias em desenvolvimento, a fim de corrigir falhas de mercado e mobilizar mais recursos do setor privado. Essas falhas incluem:
- Falta de acesso ao financiamento: setores emergentes e tecnologias de ponta frequentemente enfrentam dificuldades para obter financiamento privado devido aos riscos percebidos, o que torna necessária a intervenção dos BPD.
- Horizonte de investimento de longo prazo: investidores privados tendem a evitar projetos de longo prazo, especialmente aqueles relacionados à infraestrutura e à sustentabilidade. Os BPD podem atuar oferecendo prazos mais adequados para viabilizar esses investimentos.
- Riscos financeiros elevados: projetos de infraestrutura sustentável apresentam riscos financeiros significativos em suas fases iniciais, e os BPD ajudam a mitigá-los por meio de garantias e produtos financeiros especializados.
- Desenvolvimento de mercado: os BPD podem desempenhar um papel essencial na estruturação de projetos e no desenvolvimento de mercados, fornecendo assistência técnica e recursos adicionais a desenvolvedores e pequenas e médias empresas (PMEs), além de atuarem como investidores âncora.
O papel dos BPD no financiamento de projetos e investimentos sustentáveis tem evoluído na última década, tornando-se um motor fundamental na mobilização de capital público e privado, tanto nacional quanto internacional, para setores que promovem o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico de longo prazo. Essas instituições não apenas atuam como catalisadores do investimento, mas, devido ao seu mandato de desenvolvimento, desempenham um papel central no apoio a projetos em setores que enfrentam dificuldades para acessar financiamento privado, como as tecnologias emergentes e a infraestrutura sustentável, que são menos atraentes para os atores tradicionais do mercado.
CAF: Os bancos multilaterais de desenvolvimento, como o CAF, desempenham um papel fundamental como articuladores dos principais atores do desenvolvimento e facilitadores de plataformas de diálogo e coordenação. Atuam como intermediários honestos (honest brokers) entre as partes interessadas (governos, setor privado, sociedade civil e outras instituições financeiras) que podem desconfiar entre si devido a assimetrias de informação ou à experiência limitada de trabalho em conjunto. Ao promover ambientes transparentes e colaborativos, fecham-se as lacunas que impedem o progresso do desenvolvimento.
Embora os bancos multilaterais sejam avaliados usando métricas semelhantes às das instituições financeiras privadas, sua missão transcende a busca pelo lucro. Deveriam evitar operar como bancos privados, pois isso prejudicaria sua relevância para o desenvolvimento. Em vez disso, sua vantagem competitiva reside na produção de resultados tangíveis e positivos para os países que atendem, não apenas na concessão de empréstimos. O CAF e outros bancos regionais de desenvolvimento podem desempenhar um papel fundamental na alavancagem de recursos privados por meio de garantias, cofinanciamento e estruturação de projetos com impacto econômico, social e ambiental. Também podem inovar no uso de instrumentos financeiros, como bônus temáticos (verdes, sociais, de sustentabilidade) e atrair financiamento em condições preferenciais para facilitar o investimento em setores estratégicos.
Além das melhorias propostas em seu poderoso braço de financiamento, os bancos regionais de desenvolvimento também podem ser atores estratégicos que articulam esforços públicos e privados. Por um lado, o impulso à integração regional mediante investimentos em infraestrutura transfronteiriça, digitalização e desenvolvimento de cadeias de valor regionais pode promover a integração econômica e melhorar a competitividade dos países. Por outro lado, os BMDs estão em uma posição-chave para fornecer assistência técnica a fim de melhorar a qualidade dos projetos, fortalecer os marcos regulatórios e institucionais e facilitar a absorção de investimentos em setores estratégicos. Finalmente, os BDMs têm a ocasião de contribuir para a agenda com um papel de “evangelizador”, por meio da produção de conhecimento sobre brechas de financiamento e brechas nos ODS e sua divulgação. Os BDMs da região podem ser os embaixadores dos países ibero-americanos nesta conversa.
Neste sentido, qual é a proposta de valor do BID / CAF?
BID: Em nossa Estratégia Institucional, destacamos que uma combinação adequada de instrumentos pode oferecer soluções pertinentes para contextos heterogêneos. Dada a limitação do balanço patrimonial do BID, BID Invest e BID Lab, em comparação com o déficit de um trilhão de dólares no financiamento dos ODS e as restrições fiscais enfrentadas por clientes e doadores, a mobilização de recursos privados deve ser uma consideração central na implementação dos instrumentos e das capacidades dessas três entidades. Além disso, a promoção do desenvolvimento de produtos padronizados, que aproveitem experiências e protótipos bem-sucedidos e, ao mesmo tempo, permitam ajustes conforme a realidade de cada país, contribuirá para aumentar a eficiência, reduzir o tempo de chegada ao mercado e ampliar a escala das intervenções do BID, BID Invest e BID Lab.
Além dos instrumentos mais tradicionais, como empréstimos e garantias, ampliamos progressivamente o leque de opções que oferecemos para alcançar esses objetivos:
- O uso de incentivos que recompensam o impacto no desenvolvimento. Com o Programa Piloto BID CLIMA, nos tornamos pioneiros ao projetar um mecanismo sistemático em nível institucional para testar uma abordagem inovadora e ambiciosa que recompensa investimentos voltados para compromissos climáticos e de biodiversidade. O BID CLIMA baseia-se no trabalho inovador do BID, que apoiou o desenvolvimento do primeiro bônus vinculado à sustentabilidade do mundo, emitido pelo Governo do Uruguai, o qual inclui uma redução da taxa de juros caso sejam atingidos determinados indicadores-chave de desempenho relacionados à natureza e ao clima.
- Conversões de dívida. Em 2023, com o apoio do BID e da Corporação Financeira de Desenvolvimento dos Estados Unidos (DFC, na sigla em inglês), Equador completou uma conversão de dívida que permitirá a alocar recursos para a conservação marinha de longo prazo nas Ilhas Galápagos, promovendo maior sustentabilidade e melhorando a qualidade de vida dos equatorianos. Essa operação representou a maior conversão de dívida do mundo até aquele momento, gerando economias totais de mais de US$ 1,126 bilhões. Além disso, o BID apoiou políticas de fortalecimento institucional para a gestão ambiental e da dívida pública no país. Em 2024, foram concluídas novas conversões de dívida com o apoio do BID nas Bahamas, Barbados e uma segunda operação no Equador, esta última para conservação da região amazônica desse país.
- Os bônus temáticos também têm sido um instrumento inovador que o BID tem se esforçado para promover. Além do exemplo citado acima sobre o Uruguai, apoiamos atores do setor privado. Assim, em outubro de 2024, o BID Invest atuou como principal investidor nos primeiros bônus de titularização sustentáveis multi-cedente no mercado mexicano, os quais foram respaldados por empréstimos de quatro instituições financeiras não bancárias focadas no setor agroindustrial do México. Essa iniciativa contou com a participação do Banco de Desenvolvimento da América do Norte (NADBank) e do FIRA, entre outros parceiros, aos quais oferecemos serviços de consultoria e assessoria técnica.
- Também realizamos diversas operações para liberar capital, permitindo seu uso em novas iniciativas. Em março de 2024, o BID assinou um acordo de garantia com a Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional (SIDA), ampliando a capacidade do programa Amazônia Sempre. Além disso, em outubro de 2024, o BID Invest anunciou a titulação Scaling4Impact, no valor de US$ 1 bilhão. Essa operação foi a primeira do tipo, permitindo que investidores privados adquiram ativos de Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD) da América Latina e do Caribe.
CAF: O CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe) oferece um modelo diferenciado e eficaz para o financiamento do desenvolvimento, baseado em sua estrutura de governança, eficiência operacional, estrutura de adesão equitativa e experiência regional. A proposta de valor do CAF na agenda de financiamento para o desenvolvimento baseia-se em sua capacidade de combinar financiamento, conhecimento e articulação regional para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo na América Latina e no Caribe.
O CAF é um banco de desenvolvimento projetado de, por e para a América Latina e o Caribe. Seu conhecimento dos desafios estruturais e conjunturais da região permite projetar soluções adaptadas às necessidades específicas de cada país, incorporando a dimensão regional em suas estratégias de financiamento. Ao contrário de outras fontes de financiamento, o CAF oferece linhas de crédito adaptadas às necessidades de seus países membros, com esquemas mais flexíveis e respostas rápidas em tempos de crise. Sua capacidade de financiamento anticíclico permite apoiar países em situações de choque econômico ou desastres naturais.
O braço financeiro do CAF não apenas fornece financiamento direto aos governos e ao setor privado, mas também alavanca recursos privados mediante garantias, cofinanciamento e estruturação de veículos financeiros inovadores, como bônus temáticos (verdes, sociais, sustentáveis) e financiamento misto (blended finance).
O CAF reforçou seu compromisso com o financiamento verde e o desenvolvimento sustentável, canalizando recursos para a transição energética, a biodiversidade e a adaptação climática. Sua estratégia busca fechar a lacuna de financiamento climático na região e apoiar os países no cumprimento de seus compromissos ambientais. Dito isso, o CAF conseguiu manter sua vantagem comparativa em outros setores emblemáticos para a instituição em sua agenda fundadora focada na integração regional. O CAF desempenha um papel fundamental no financiamento de infraestrutura transfronteiriça, logística e digitalização, promovendo a integração econômica da região e o desenvolvimento de cadeias de valor regionais.
Além do financiamento, o CAF agrega valor através da assistência técnica, do fortalecimento institucional e da produção de conhecimento aplicado às políticas públicas. Sua capacidade de articular esforços entre governos, setor privado e organizações internacionais permite que ela atue como um parceiro estratégico na formulação e implementação de reformas importantes. O CAF também se estabeleceu como a voz da região nos fóruns globais onde a conversa acontece.
Por outro lado, a governança do CAF é notavelmente eficiente devido à participação de ministros da Fazenda em seu diretório – sendo os principais tomadores de decisão em seus respectivos governos. O diretório reúne-se três vezes por ano para deliberar e votar sobre financiamento de projetos e reformas institucionais. Essa participação de alto nível garante que as decisões sejam tomadas de forma rápida, transparente e estratégica, alinhando as operações financeiras com as prioridades de desenvolvimento nacionais e regionais mais amplas e com os objetivos institucionais do banco.
O CAF opera como uma instituição cooperativa onde todos os membros plenos têm direitos iguais de voto, evitando uma distinção entre credores e mutuários. Tal fato promove um senso de parceria e igualdade entre os membros. Esta estrutura elimina as diferenças de status percebidas, promovendo um ambiente colaborativo onde o apoio mútuo e a responsabilidade compartilhada impulsionam a missão da instituição.
Em resumo, o modelo de governança único do CAF, a estrutura cooperativa equitativa e a profunda experiência regional o posicionam como um parceiro de desenvolvimento altamente eficaz. Sua capacidade de tomar decisões oportunas, transparentes e inclusivas, juntamente com um amplo conhecimento das complexidades da região, permite ao CAF gerir resultados de desenvolvimento impactantes e sustentáveis em toda a América Latina e Caribe.
Quais são os objetivos do BID / CAF a médio e longo prazo?
BID: Nossa nova estratégia institucional, IDBStrategy+, é uma hoje de rota que inclui reformas e objetivos mensuráveis para alcançar novos níveis de impacto, unificando e concentrando o trabalho do BID, BID Invest e BID Lab sob um mesmo objetivo, alinhado à nossa ambição e às reformas do setor financeiro para o desenvolvimento mencionadas acima. Essa estratégia foi aprovada em 2024, juntamente com novos modelos de negócio e mais recursos para o BID Invest e BID Lab, fortalecendo o apoio ao setor privado e à inovação.
No contexto dessa transformação, nossa nova estratégia define claramente três objetivos prioritários para o longo prazo em linha com os ODS: reduzir a pobreza e as desigualdades, lutar contra a mudança climática e reforçar o desenvolvimento sustentável da região. Esses três objetivos estão entrelaçados e se reforçam mutuamente, refletindo os desafios estruturais de longo prazo da região.
Ao mesmo tempo, BID, BID Invest e BID Lab articularam uma nova missão para alcançar esses objetivos e enfrentar os complexos desafios que a América Latina e o Caribe enfrentam: ser o parceiro preferencial para o desenvolvimento da região, abordando as vulnerabilidades e liberando o potencial para fomentar o progresso transformador e combater a mudança climática. E isso com uma abordagem integrada, promovendo a capacidade institucional, o Estado de direito e a segurança cidadã para melhorar a riqueza e a prosperidade da região nas dimensões climática, social e econômica.
CAF: O CAF expandiu significativamente sua cobertura geográfica e evoluiu seu modelo de gestão conforme as necessidades da região, tornando-se um parceiro confiável e próximo de todos os seus países membros. Apesar dessas mudanças significativas, o Banco permanece fiel aos seus princípios fundadores. Nesse sentido, seus objetivos gerais continuam centrados em remediar as dificuldades que surgem devido aos diferentes níveis de desenvolvimento, às diferentes condições econômicas gerais e, particularmente, aos mercados, a fim de alcançar um crescimento harmonioso e equilibrado na ALC e promover projetos que promovam a integração regional.
O CAF traçou uma estratégia com vistas a 2026 na qual procura se consolidar como o banco verde, do crescimento sustentável e inclusivo da região. Esta estratégia está estruturada em três agendas fundamentais: Agendas da Missão: respondem à visão estratégica do CAF e à razão de ser em relação aos clientes externos. As agendas da missão incluem seis áreas principais: Transição Energética Justa, Resiliência e Ecossistemas Estratégicos, Territórios Resilientes, Bem-Estar Social Inclusivo, Infraestrutura Física e Digital e Produtividade e Internacionalização. Além dessas agendas da missão, o CAF estabeleceu agendas transversais e facilitadoras que complementam seu plano estratégico, com foco na inclusão, sustentabilidade e fortalecimento institucional. Em termos de financiamento, o CAF se comprometeu a destinar 35% de seu financiamento em 2024 a projetos ambientais, com a meta de chegar a 40% até 2026. Essas iniciativas incluem a transição energética, a melhoria dos sistemas de água e saneamento e a conservação da biodiversidade, reforçando seu papel na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Com essa estratégia, o CAF busca ser um parceiro fundamental para a reativação, o desenvolvimento sustentável e a integração da América Latina e do Caribe, traduzindo seus esforços em maior bem-estar e qualidade de vida para todos os habitantes da região.